Ser "sensorial" também é divertido!
12:10
Ontem fui buscar a Matilde à escola e já no carro disse-lhe:
Sabes que música é que tenho outra vez no
carro? Aquela que tu gostas muito, “olha que coisa mais linda, mais cheia... Já
sei, já sei. E qual é o número? Responde-me ela. – Sei lá, filha. Não reparei.
A Matilde, como menina sensorial que é, é muito visual e,
como tal, muito sensível às formas. Desde pequenita, talvez desde os 2 anos,
que reconhece os números através da forma, que desenha letras por lhes procurar
entender essa mesma forma. Quando assim pequenita, era habitual apanhá-la a
contornar com a ponta dos dedos as linhas dos objectos, dos desenhos, de
qualquer coisa que lhe despertasse a atenção. Seguidamente desenhava o que
tinha observado. Por vezes ficava-se só pelo entendimento do objecto ou do
desenho através desse tactear do terreno visual.
Hoje tem quase 7 anos e o gosto pelas formas ficou, ou não
desenhasse ela diariamente e não fosse essa a sua área de interesse predilecta.
Ficou também um gosto pelos números, facilidade com os mesmos, a par de... uma
memória incrível. Então, a Matilde sabe
de cor a numeração das músicas que gosta nos cd’s do carro e quando lá chegamos é habitual ouvir, “Mãe, põe a 40, quero a 36”
ou, em debate, insistir connosco que a música X é o número Y e... ganhar. Tem
uma bela organização númerica. Que bela biblioteca mental! Também queriaaaa!
Que jeitaço me daria. Mas não a tenho e por isso também me é comum a mim
perguntar-lhe a ela qual é o número da música X e onde é que estão os meus
óculos de sol e afins. Há que optimizar e dar um bom uso às características e
capacidades de cada um. A memória da minha filha é divertida e facilita-nos a
vida muitas vezes. São tantas as vezes que digo, bem haja a sensorialidade. E
rimos.
E para mim, isto também é viver a diferença com positivismo.
Porque ser positivo para mim, no contexto da diferença, é integrar naturalmente
as características de cada um, exprimir quem somos emocional e funcionalmente.
Quando conseguimos que as nossas caracteríscas, incluindo as menos boas,
funcionem em conjunto para tornar a nossa vida mais suave, mais fluida
respeitando quem somos, conseguimos saídas positivas para as dificuldades,
então cumprimo-nos. E não é isso que todos nós queremos e que julgamos que a
diferença nos dificulta?
Esta manhã, entrámos no carro e perguntei, Matilde, qual é o
número da música? Doze, mamã. E lá fomos de sorriso nos lábios, juntas a
cantarolar, Olha que coisa mais linda, mais cheia de graça...
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